Nós somos muito acostumados a medir as receitas, despesas, turnover e etc. Dificilmente discutimos sobre a cultura da nossa organização, mesmo sabendo o tamanho de sua importância. Você já parou para pensar se é possível mudar a cultura da sua empresa?
O paradoxo da cultura
Nos últimos anos, ouvimos muito falar sobre cultura. Sabemos que a cultura se transformou em um tempero poderoso e secreto das empresas. Secreto porque ninguém conhece a receita e poderoso porque faz total diferença.
Segundo Margaret Heffernan, palestrante do TED, a taxa de fracasso de programas de mudança de cultura é cerca de 70%. Isso nos leva a pensar que a cultura é indefinível e difícil de gerenciar. E então, como é possível mudar esse cenário? Afinal, o que é essa tal de cultura?
O grande paradoxo dessa leitura é que a cultura, aquela que é poderosa, indefinível e secreta, é composta, na verdade, por pequenos atos, hábitos e escolhas. Assim, para mudar a cultura das nossas empresas precisamos de pequenas mudanças que somadas e a longo prazo causarão um grande impacto no seu desempenho.
Você já parou para pensar se a sua empresa tem a cultura de ser avessa à conflitos? Existe uma expressão chamada “conflito criativo” que remete a ideia de que não devemos evitar e temer conflitos, mas sim buscar por eles, pois é a partir dos conflitos que podem surgir as melhores ideias. Pesquisas mostram que 40% dos diretores executivos reconheceram: a área em que se sentem menos confiantes é na resolução de conflitos. Logo, para mudar essa cultura precisamos de pequenas mudanças, como ensinar às equipes a conseguir, com calma e clareza, levantar questões, problemas e ideias e reduzir esse silêncio organizacional.
E nos casos em que empresas medem o tempo pela quantidade e não pela qualidade? De que adianta trabalhar 9, 10 ou 11 horas por dia se o rendimento é menor que 6 horas diárias? 70% das empresas dos Estados Unidos dispões de escritórios abertos e sem lugares fixos para funcionários com a ideia de: estruturas livres libertam o pensamento. A história se repete: pequenas mudanças que podem gerar novas soluções.
Já em uma escola na Califórnia uma professora aplicou um teste de Q.I. em alunos e foi dito quais alunos tiveram as melhores notas. Só que o resultado não foi baseado no teste, mas sim foram escolhidos alunos aleatoriamente e dito que eles eram os melhores da classe. Adivinha qual foi o resultado? Os alunos escolhidos aleatoriamente foram os que tiveram as melhores notas ao longo do ano. Como isso se explica? Mais do que a habilidade inata, as pessoas precisam de apoio, incentivo e confiança para alcançar os melhores resultados. Ou seja, alguns “simples” incentivos diários – pequenas mudanças – podem mudar o desempenho de profissionais.
O Google lançou um programa para detectar quem eram seus melhores gestores e a resposta foi: aqueles que acreditavam nas pessoas e se preocupavam genuinamente com elas. Não eram aqueles que eram os mais inteligentes ou mais bem-sucedidos. Afinal, será que está claro para a sua equipe que você acredita neles? Já parou para pensar que o simples fato de expor isso pode fazer toda a diferença?
Agora, uma má notícia: não existe uma receita simples para ter uma cultura de sucesso, não existe um manual de instruções para isso. As organizações são sistemas e têm infinitas variáveis. Uma empresa nunca terá a mesma cultura da outra, mesmo que copie todos os processos e tenha a mesma equipe.
Precisamos reconhecer que temos um exercício diário de refletir o nosso contexto e pensar: qual é a pequena mudança, ou na verdade, quais são as pequenas mudanças que posso começar a implementar na minha empresa que irão causar o impacto que espero?
A boa notícia: O poder das pequenas mudanças pode/deve ser feito não só pela direção da empresa, mas por todos que busquem melhorar a cultura da organização que trabalha.