Mudanças… muitas mudanças e uma constatação: A COVID-19 está transformando o mundo.
Assim como Jesus e o famoso “AC” (antes de Cristo) e o “DC” (depois de cristo) marcaram a humanidade, a COVID também vai ser lembrada na história como um “antes” e “depois”.
E nesse contexto, o processo de mudança natural da humanidade está passando por uma condição de aceleração exponencial, intensa, tanto no contexto social, como no contexto organizacional.
As empresas estão deixando de oferecer produtos e serviços que eram essenciais e hoje são obsoletos. Outras empresas estão lutando para sobreviver, mesmo que para isso tenham que perder market share e adequar seus recursos para a nova realidade. Já outras, nem existem mais.
E nesse turbilhão de acontecimentos e mudanças, estão as empresas “Underdogs”, os “Azarões”, os “sem sorte”. São aquelas empresas que não possuem vantagem competitiva, nem participação forte no mercado. São pequenas, sem grandes margens, sem tanta visibilidade, de ambição dormente. Apenas vendem produtos e serviços que fazem ela existir. Em uma condição normal, elas raramente conseguem mudar seu status. Porém, em tempos de crise e turbulência, elas se tornam fortes ameaças às lideres e às grandes organizações. Afinal, o que elas têm que dão essa condição e essa perspectiva positiva diante da turbulência e do caos?
  1. Geralmente os Underdogs são pequenos. Isso faz com que eles tenham menos controles e mais flexibilidade. Essa adaptabilidade permite mudar produtos e serviços em uma velocidade muito grande. Lembro que no tempo da Segunda Guerra Mundial, a Honda passou pelo seu maior processo de transição, que foi deixar de ser um pequeno fabricante de panelas de arroz para se tornar uma fábrica de bicicletas motorizadas. Deu no que deu, hoje é uma das maiores empresas de motocicletas e automóveis do mundo. Lógico que isso não aconteceu num passe de mágica, foi fruto de muito trabalho e de muita insistência de Shoichiro Honda, Fundador e CEO na época. Ele não tinha dinheiro, mas soube encontrar oportunidades e os insights em meio ao caos.
  2. O segundo ponto é o poder de resiliência, que nada mais é do que a capacidade de se adequar de acordo com as circunstâncias externas do momento. Fazer uma leitura rápida e ter agilidade de mudar no melhor estilo “just in time”. Um segmento fácil de vermos essa condição é no de alimentos e bebidas. Muitas pequenas empresas se lançaram ao padrão delivery com rapidez, ajustando cardápios e ainda colocando um toque personalizado em suas entregas, seja com um cartão personalizado, seja com algum “mimo” especial. O fato é que, enquanto muitas empresas grandes estão fechando as portas, essas pequenas estão ganhando mais espaço.
  3. O terceiro ponto é a mudança de hábito de consumo dos clientes. Em um tempo de escassez, de perda de recursos, o público em geral está revendo suas escolhas, seus hábitos de consumo, além de reavaliar suas escolhas. E nesse contexto, ele se torna mais aberto para experimentar “o novo”. Nessa perspectiva, as empresas que conseguem fazer a leitura certa do que os clientes estão procurando podem sair na frente e ganhar muito mais.
Diferentemente das grandes crises anteriores, essa tem um fator novo: a tecnologia. É praticamente impossível aproveitar as oportunidades proporcionadas com a COVID-19 se a empresa não tiver recursos tecnológicos disponíveis. O cliente vai forçar a interação digital, como complemento da sua experiência. Possivelmente esse será o fator mais relevante para que os “Underdogs” possam de fato deixar de ser azarões e possam conquistar market share com resultados muito maiores.
O consumidor está gritando por novos produtos e serviços, mais customizados à sua nova realidade. Portanto, seja flexível, rápido e descubra primeiro o que o seu cliente quer de novo. O resto é muito trabalho e recompensas incríveis.
Como sempre falo, na crise, muito perdem e poucos ganham. É hora dos Azarões, dos “Underdogs”. Arrisque-se!!!